No próximo dia 27, sexta-feira, a Câmara Municipal estará prestando homenagem ao empresário rural Takeshi Uemura.
Patriarca da família Uemura em Guaíra, ele estará recebendo o título de Cidadão Guairenses, por indicação do vereador José Antônio Lopes (PSB).
A solenidade será presidida pelo vereador José Mendonça (PDT) e terá início a partir das 20 horas. Na oportunidade estarão presentes familiares, amigos, admiradores e autoridades que irão prestigiar Takeshi Uemura.
O vereador José Antônio, autor da homenagem, disse que Takeshi Uemura tem uma grande importância para o município. “Residente em Guaíra há vários anos, este cidadão dedicou grande parte de sua vida nos sentido de melhorar a vida dos moradores guairenses, exercendo o ofício de agrônomo, e atuando junto aos clubes que cultuam a cultura japonesa em nossa cidade”, disse Lopes.
De acordo com o vereador, o homenageado é um exemplo de cidadão guairense. “Com sua empresa de implementos agrícolas ele desenvolveu o agronegócio em nosso município, dando o pontapé inicial para uma das principais atividades econômicas de Guaíra”, argumentou o vereador.
História de Vida
Takeshi Uemura nasceu em 20 de janeiro de 1930, no Japão, Kyoto, Uji.
Seu pai Kitiro Uemura, e a mãe Naka Uemura. Ele é o primogênito e quatro irmãos, Tiaki, Massako, Setsuo e Mitio.
Família tradicional em Uji com muitos parentes na região.
A família tinha plantação de chá onde moravam, pois, Uji era o município que produzia esse produto no Japão.
Estudou normalmente, e aos 16 anos serviu voluntário o Exército da Aeronáutica Naval.
Sofreu, apanhou, porque o regime era muito sistemático e rigoroso, porém, foi firme nos objetivos, pois queria ajudar o país.
Fez faculdade de agronomia e trabalhando na plantação de chá da família.
Seu pai sofreu problemas de saúde, carregou-o nas costas para levá-lo ao médico, pois, dores nas pernas eram violentas, teve de usar carrinho de roda para se locomover.
A família toda passou a dedicar intensamente no trabalho. Viveu momentos difíceis de até faltar alimentos devido à guerra que destruiu o Japão, influenciando todo o país.
Segundo César, seu filho mais velho, seu pai comenta que no Japão, no período pós Segunda Guerra Mundial, o governo japonês fez reforma agrária, no qual os donos de terras que arrendavam ficaram numa situação ruim. Pessoas que comiam arroz eram os eu tinham poder aquisitivo melhor, os outros comiam raízes, verduras, legumes e carnes de animais silvestres.
Anos depois, aos 27 anos, Takeshi Uemura, sentiu vontade de sair par outro pais, para testar a força sem a dependência da família. Se lá ficasse como primeiro filho teria o privilégio de viver bem, pois herdaria os bens e ficaria na obrigação de manter o nome da família social e tradicional.
Mesmo contrariando os pais e família, veio ao Brasil, onde escolheu, entre muitos países que poderia escolher.
Ao chegar aqui, no porto de Santos, foi para Registro onde também produziam chá.
Não muito satisfeito, foi para São Paulo, morando numa pensão simples de brasileiros, porque achou que assim aprenderia o português mais rápido. Trabalhou na pastelaria chinesa, no mercado municipal carregando sardinhas e vendendo de madrugada, gritando: sardinha fresca. Foi para um sitio de plantação de legumes, mas viu que não dava futuro. Voltou para São Paulo, entrou ou no laboratório Vicente Amato, onde foi bem reconhecido pela sua dedicação e reconhecimento, sempre procurando aprender a nossa língua.
À noite freqüentava as aulas particulares de português. Tudo isso durante três anos após a chegada ao Brasil. Leu no jornal uma oportunidade de emprego e foi trabalhar na Mitsui adubos e fertilizantes.
Através do senhor Takenaka, proprietário da firma, veio trabalhar na Brazcot de Guaíra. Inicialmente com muita dificuldade devido à língua, mas com o tempo chegou a ser gerente da Brazcot. Deve muito ao senhor Karasawa que o acolheu, ensinou e fez com que tornasse um guairense de coração.
Aprendeu e entendeu o trabalho de Guaíra graças ao acolhimento que teve de todos e amizades que foi adquirindo aqui. E no ano de 1963, em janeiro casou-se com a Nair que morava em São Paulo. Continuou na empresa e teve cinco filhos: César, Eny, Mine, Kanji e Kenji.
Como a família tornou-se grande, achou que deveria trabalhar independente, saiu da Brazcot, e começou a vender defensivos e fertilizantes, com o seu primeiro veículo, um Fusca.
Graças ao apoio da comunidade guairense, conseguiu melhorar no setor, onde abriu a primeira e pequena empresa na esquina da rua 8 com a avenida 15. Omar Alab ainda jovem, por ser vizinho, ajudou senhor Uemura a vigiar a loja. E desde aquela época, os dois são amigos.
O Uemura sente-se muito agradecido á todas as pessoas que direta ou indiretamente ajudaram e confiaram nele, dando todo apoio e colaboração. É grato à colônia japonesa e brasileira da época, sendo fregueses dele dos produtos que vendai.
A primeira loja chamava-se AGROSOL e depois adquiriu um terreno na esquina da rua 8 com a avenida 19, construindo assim a Agro Tayo.
Sentindo necessidade de ter um companheiro brasileiro, convidou o senhor Belarmino que já vendia esses produtos em outra região. Os dois que foram sócios conseguiram conduzir muito bem a empresa e até hoje são bons amigos.
Teve muitas outras pessoas que participaram dessa jornada, o Hori – San, Albino do escritório, João Fortunato e outros.
Os filhos cresceram, estudaram, se formaram, se casaram e senhor Uemura conta hoje com 10 netos
Aos poucos foi adquirindo sítios, trocando e comprando fazendas.
Depois de certo tempo a Agro Tayo também deixou de ser um bom negócio, sendo necessário encerra a empresa, passando a dedicar-se somente a agricultura.
Com altos e baixos no decorrer dos anos, hoje está aposentado e entregando aos filhos todas as atividades das fazendas. Continua na supervisão e orientação para não ficar ocioso demais.
Nesse intervalo, participou da Tanka kai (encontro de pessoas que faziam poesias). Após anos, entrou no Gate Ball Clube de Guaíra onde fez mais amigos fora do município. Dedica a esse esporte com muito gosto e dedicação.
Quando casou, o seu sonho era ter carro, casa, e 100 alqueires de terra. Hoje pôde deixar mais que o dobro para cada um dos cinco filhos e se sente com a missão cumprida na sua vida, pois conseguiu alcançar seus objetivos ao deixar seu país.
É feliz, está com saudade e agradece a todos que participaram desta sua jornada da vida. A esposa Nair conta á história, emocionada, pois o acompanha há 46 anos, lado a lado. Hoje, com 79 anos, Takeshi Uemura, agradece a todos, pois é guairense de coração.